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O Impacto Social da Transição Energética com Hidrogênio

A transição energética global, impulsionada pela necessidade de reduzir as emissões de carbono, está levando a uma reestruturação da matriz energética mundial. Entre as várias tecnologias emergentes, o hidrogênio verde vem se destacando como um importante elemento para viabilizar esse processo. No entanto, além das implicações ambientais e econômicas, essa transição também traz impactos sociais profundos, que merecem uma análise.

Criação de Empregos e Desenvolvimento Econômico

Um dos impactos sociais mais promissores quando da adoção do hidrogênio como fonte alternativa de energia seria a criação de empregos. A nova economia do hidrogênio pode gerar uma vasta gama de oportunidades de trabalho, desde a pesquisa e desenvolvimento até a produção, transporte e manutenção de infraestruturas relacionadas à cadeia do hidrogênio. Estudos indicam que a expansão da economia do hidrogênio pode criar milhões de novos empregos globalmente, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento.

Países com abundantes recursos renováveis, como vento e sol, podem se tornar líderes na produção de hidrogênio verde, criando oportunidades de crescimento econômico sustentável. Essas nações poderão atrair investimentos internacionais e fomentar o desenvolvimento de novas indústrias locais, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

Desafios  na Qualificação e na Infraestrutura

É essencial um planejamento adequado para esse processo de transição energética. Políticas públicas voltadas à capacitação e à requalificação profissional serão cruciais para garantir que os trabalhadores do setor de combustíveis fósseis, por exemplo, possam fazer a transição para novas funções na economia do hidrogênio.

Embora o potencial de crescimento econômico seja significativo, a transição energética depende, igualmente, de vultosos investimentos em infraestrutura e novas tecnologias , de modo a viabilizar a migração para a nova economia do hidrogênio.

Além disso, o processo de descarbonização pode exacerbar as desigualdades se os custos de transição forem repassados de forma desigual aos consumidores. Por exemplo, se o custo da energia aumentar durante a transição, as famílias de baixa renda poderão enfrentar dificuldades adicionais. Portanto, é necessário que as políticas públicas sejam projetadas de forma a minimizar esses impactos negativos, permitindo o engajamento da sociedade nesse processo de transição..

Qualidade de Vida e Saúde Pública

Outro aspecto importante da transição energética com hidrogênio é seu impacto positivo na qualidade de vida e, consequentemente, dos gastos necessários em saúde pública. A substituição de combustíveis fósseis por hidrogênio verde pode reduzir significativamente a poluição do ar, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. A poluição do ar está entre as principais causas de doenças respiratórias e cardiovasculares, sendo certo que a sua redução poderá levar a uma melhora significativa nesses índices, reduzindo gastos com saúde pública.

Além disso, a adoção de novas tecnologias, de forma a incluir o hidrogênio na nossa matriz energética, poderá contribuir para a segurança energética brasileira, diminuindo a dependência de fontes de energia externas. Isso pode trazer benefícios tanto sociais quanto econômicos ao reduzir a nossa vulnerabilidade a crises energéticas, notadamente as flutuações de preços dos combustíveis fósseis.

Desafios Geopolíticos e Cooperação Internacional

A transição energética para o hidrogênio também tem implicações geopolíticas que podem afetar as relações internacionais e a estabilidade social. Países que atualmente dependem da exportação de combustíveis fósseis podem enfrentar desafios econômicos significativos à medida que a demanda por seus produtos diminui. Isso pode levar a tensões sociais e políticas nesses países, além de impactos econômicos negativos.

Por outro lado, a transição para uma economia global baseada em energias renováveis, incluindo-se o hidrogênio, oferece uma oportunidade única para a cooperação internacional e protagonismo do Brasil no cenário externo. As nações podem colaborar, ainda, no desenvolvimento de tecnologias, na criação de normas regulatórias e na implementação de projetos de infraestrutura. Essa cooperação pode fortalecer laços diplomáticos, promovendo a estabilidade das relações externas entre países e, ao mesmo tempo, acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.

A transição energética, com a inclusão do hidrogênio na nossa matriz energética, oferece inúmeras oportunidades para promover o desenvolvimento econômico, a segurança energética e a sustentabilidade ambiental.